A quarentena ou a ausência dela: a experiência de alguns países do mundo
As medidas adotadas pelos países do mundo e seus resultados até então
Por Manuel Vieira Siqueira de Arantes
Com o passar das semanas, o número de casos e de mortes por COVID-19 no Brasil sobe descontroladamente. Hoje, o país já se tornou o epicentro da pandemia no mundo, não pelo número de casos, mas sim pela velocidade de contaminação da população. Além disso, sofremos com o problema da subnotificação, o que impede que saibamos exatamente quantos casos existem no país. É estimado que o Brasil possa ter 14 vezes mais casos do que o informado oficialmente e que Minas Gerais possa ter número de mortes 800% maior do que o que os dados oficiais mostram. Não são poucas as pesquisas que expõem a subnotificação no Brasil, foram feitos muitos estudos e cada um chegou a um resultado diferente, eles só não diferem no ponto mais importante: o Brasil possui muito mais casos e mortes de COVID-19 do que os dados mostram.
Muitos se perguntam, em meio à pandemia, se a quarentena é realmente eficaz para o controle do vírus, haja vista que alguns estudiosos não a consideram um método adequado. Por isso, abaixo estão expostos dados sobre várias regiões do mundo quanto à COVID-19, em tom estritamente informativo. O leitor pode verificar os dados pelas fontes incluídas nas notas de rodapé. Mais à frente, dou a minha opinião sobre o assunto com base nos dados fornecidos.
Informações
1 – Escandinávia
1.1 Dinamarca
A Dinamarca foi um dos primeiros países do mundo a implementar o isolamento social de forma rigorosa, bloqueando fronteiras e paralisando atividades não essenciais. No final de abril, o país já considerava que o vírus estava sob controle, iniciando o processo de abertura até nas escolas. Em 15 de maio, o país registrou pela primeira vez em 2 meses a marca de zero mortes em 24 horas.
População: 5,806 milhões
Casos confirmados: 11.387 (0,19% da população)
Mortes: 563 (9,6 para cada 100 mil habitantes)
https://scandinavianway.com.br/coronavirus-sob-controle-na-dinamarca-diz-primeira-ministra/https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2020/05/15/dinamarca-nao-registra-mortes-por-coronavirus-pela-1-vez-em-dois-meses.htm
https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/efe/2020/05/12/premie-da-dinamarca-afirma-que-propagacao-do-novo-coronavirus-esta-controlada.htm
1.2 Noruega
O país adotou o regime de semiconfinamento, fechando bares, salões de beleza, academias e outros locais muito habitados pelo público. Caminhadas ao ar livre eram permitidas e algumas lojas e empresas funcionavam. Até a metade de março, o país havia levado um choque: mais de 1.400 casos em três semanas, mas a situação foi controlada por meio de medidas de distanciamento social implementadas a partir de 12 de março. Quem violasse a quarentena seria multado.
População: 5,368 milhões
Casos confirmados: 8.364 (0,15% da população)
Mortes: 235 (4 para cada 100 mil habitantes)
https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2020/04/06/interna_internacional,1136069/noruega-considera-que-epidemia-de-coronavirus-esta-sob-controle-no-p.shtmlhttps://epocanegocios.globo.com/Mundo/noticia/2020/03/contra-coronavirus-noruega-apoia-empresas-de-todos-os-tamanhos-e-profissionais-autonomos.html
1.3 Suécia
O país, desde janeiro, optou por não implementar a quarentena, buscando conscientizar a população sobre o vírus para que pudessem seguir sua rotina normalmente. O país é o que tem mais casos e mortes por 100 mil habitantes na Escandinávia.
População: 10,23 milhões
Casos: 34,440 (0,34% da população)
Mortes: 4.124 (40 para cada 100 mil habitantes)
https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/efe/2020/05/25/com-estrategia-mais-suave-suecia-ja-tem-mais-de-4-mil-mortes-por-covid-19.htmhttps://www.nexojornal.com.br/expresso/2020/05/10/Sem-quarentena-os-resultados-da-Su%C3%A9cia-na-pandemia
2 – Europa Ocidental
2.1 Alemanha
O país implementou a quarentena e teve resultados positivos, o que permitiu que fossem reabertas todas as atividades, inclusive as escolas e o futebol. Houve um certo impasse quanto à reabertura, que já era discutida em abril. Algumas atividades abriram, mas houve aumento no número de casos. No dia 6 de maio, já eram implementadas as medidas de relaxamento do isolamento social. O número de casos voltou a subir depois do fim da quarentena.
População: 83,02 milhões
Casos: 180.808 (0,21% da população)
Mortes: 8.432 (10 para cada 100 mil habitantes)
https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/2020/04/29/apos-relaxar-quarentena-alemanha-ve-curva-voltar-a-crescerhttps://olhardigital.com.br/coronavirus/noticia/contagio-por-coronavirus-sobe-na-alemanha-apos-relaxamento-da-quarentena/100568
2.2 Itália
O país passou por uma das situações mais dramáticas do mundo, com grande contágio da população e superlotação de UTIs. As razões desse caos são atribuídas à ausência de medidas rigorosas de isolamento social. As atividades econômicas continuaram em vigor mesmo depois que os primeiros casos foram relatados. Um forte isolamento social foi implementado e a situação foi melhorando. Em 25 de maio, o país registrava o menor número de novos casos desde 2 de março. A Itália reabriu várias atividades econômicas, mas as aglomerações geram o temor de que a contaminação volte a subir.
Rua vazia na Itália, país que passou por grave crise |
População: 60,36 milhões
Casos: 230.158 (0,38% da população)
Mortes: 32.877 (54 para cada 100 mil habitantes)
https://liberal.com.br/cidades/americana/jornalista-de-americana-que-vive-na-italia-relata-nova-fase-do-pais-contra-o-coronavirus-1202472/https://www.bbc.com/portuguese/internacional-51881511
https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2020/05/25/italia-tem-menor-numero-de-novos-casos-de-covid-19-desde-o-dia-2-de-marco.htm
Força aérea italiana faz espetáculo para agradecer o povo pela redução do contágio. O tiro saiu pela culatra, o evento gerou aglomerações |
2.3 Reino Unido
A região teve como estratégia no combate ao vírus a "mitigação" e a "imunização de rebanho", que é a infecção de grande parte da população, que na teoria desenvolveria imunidade coletiva com o objetivo de proteger todos os cidadãos. Em 5 de maio, o Reino Unido ultrapassava a Itália em número de mortes e se tornava o país europeu com maior letalidade. Há estudos sugerindo que a região tenha em torno de 46 mil mortes por COVID-19, embora os dados oficiais registrem 36 mil. O desenvolvimento da vacina contra o vírus é a principal aposta do Reino Unido, que prevê sua chegada para setembro. Com o número crescente de casos, foi adotada a quarentena em 24 de março, época em que a região vinha registrando recordes de mortes e novos casos (25 mil casos e 1.700 mortes). O isolamento foi prorrogado em maio, mas algumas restrições foram relaxadas. A situação ainda é grave, mas foram registradas quedas no número de mortes nos últimos dias.
População: 66,65 milhões
Casos: 261.184 (0,39% da população)
Mortes: 36.914 (55,4 para cada 100 mil habitantes)
https://valor.globo.com/mundo/noticia/2020/03/31/reino-unido-tem-novo-recorde-de-mortes-por-coronavirus-em-24-horas.ghtmlhttps://www.bbc.com/portuguese/internacional-52553731
https://correio.rac.com.br/_conteudo/2020/05/agencias/942820-reino-unido-teria-mais-de-46-000-mortes-por-coronavirus.html
https://jovempan.com.br/noticias/mundo/reino-unido-nova-queda-mortes.html
2.4 França
Foi descoberto há algumas semanas que o vírus já estava presente no país em dezembro de 2019, mas somente em 17 de março a França decretou o lockdown. No início de maio, o país começava seu processo de reabertura da atividade econômica, inclusive das escolas. Em meados de maio, a França registrava o menor número de novos casos em 24 horas: 115. Com a reabertura, foram registrados 358 novos casos e 65 mortes nas últimas 24 horas.
População: 66,99 milhões
Casos: 145.279 (0,21% da população)
Mortes: 28.432 (42 para cada 100 mil habitantes)
https://brasil.elpais.com/sociedade/2020-05-08/franca-comeca-a-sair-do-confinamento-com-abertura-de-escolas-e-circulacao-reduzida.htmlhttps://catracalivre.com.br/saude-bem-estar/caso-de-covid-19-na-franca-em-2019-faz-oms-investigar-rota-inicial-do-virus/
3 – América do Norte
3.1 Estados Unidos
Epicentro da pandemia por muitas semanas, o país concentra o maior número de casos e mortes em dados oficiais. A quarentena foi decretada de forma tardia, quando já haviam dezenas de milhares de casos no país. Os primeiros casos foram detectados no final de janeiro, mas a quarentena só teve início no começo de março, e mesmo assim não foi nada oficial, as recomendações foram de que os cidadãos dos locais mais afetados optassem por uma auto quarentena. A situação continua grave, e o presidente Donald Trump assinou decretos para impedir que viajantes estrangeiros que estiveram em países de risco, como China e Brasil, entrem nos Estados Unidos. Contudo, a reabertura vem sendo implementada.
População: 328,2 milhões
Casos: 1.697.766 (0,51% da população)
Mortes: 99.470 (30 para cada 100 mil habitantes)
https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/2020/05/25/coronavirus-sobe-para-1637456-numero-de-casos-confirmados-nos-eua-pais-tem-97669-mortes.htmhttps://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/mundo/2020/05/24/interna_mundo,857750/eua-e-europa-iniciam-reabertura-sob-ameaca-de-2-onda-do-coronavirus.shtml
3.2 Canadá
O país adotou o isolamento social para conter a pandemia, e mesmo com baixa velocidade de propagação do vírus em abril, não foi implementada a reabertura pelo receio de que tudo poderia ser perdido em questão de semanas. A reabertura está em vigor desde o início de maio.
População: 37,59 milhões
Casos: 85.710 (0,22% da população)
Mortes: 6.545 (17,4 para cada 100 mil habitantes)
https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2020/04/15/justin-trudeau-diz-que-quarentena-no-canada-ainda-continuara-por-semanas.htmhttps://ndmais.com.br/blogs-e-colunas/rotadeferias/covid-19-pelo-mundo-brasileiro-fala-sobre-a-quarentena-no-canada/
https://istoe.com.br/primeiro-ministro-do-canada-preocupado-com-a-covid-19-em-montreal/
4 América do Sul
4.1 Brasil
Novo epicentro da pandemia em velocidade de contaminação, o Brasil tem em seu presidente a figura do líder negacionista mundial do coronavirus, pois ele nega a necessidade da quarentena e argumenta que não há nada que possa ser feito para controlar a pandemia. A quarentena foi relaxada por recomendação do presidente, e vários estados aderiram ao fim do isolamento. O pico da pandemia seria em abril, mas agora não se sabe ao certo até quando a velocidade de contágio e de mortes continuará subindo. Estimativas sugerem que o país tenha algo em torno de 1,3 milhão de casos, número muito maior do que os dados oficiais.
População: 209,5 milhões
Casos: 376.669 (0,18% da população)
Mortes: 23.522 (11,2 para cada 100 mil habitantes)
https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/04/30/subnotificacao-pode-esconder-mais-de-1-milhao-de-casos-no-pais-diz-estudo.htmhttps://www.bbc.com/portuguese/brasil-52732620
4.2 Chile
O país foi na contramão das recomendações de quarentena, não estabelecendo o isolamento completo e obrigatório. Agora, o Chile tenta endurecer a quarentena nos locais mais afetados, como Santiago, com a esperança de reduzir a velocidade de contágio e dar trégua ao sistema de saúde já altamente sobrecarregado. Apesar da preocupação, o país teve menos de 800 mortes, um cenário muito menos desesperador do que o brasileiro, com apenas 4 mortes para cada 100 mil habitantes. O problema real é o número de casos e de internações.
População: 18,73 milhões
Casos: 73.997 (0,40% da população)
Mortes: 761 (4 para cada 100 mil habitantes)
https://brasil.elpais.com/internacional/2020-04-02/isolamento-pela-pandemia-de-coronavirus-ja-reflete-no-transito-da-america-latina.htmlhttps://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/05/06/chile-endurece-quarentena-na-capital-apos-aumento-de-contagios-de-coronavirus.ghtml
https://istoe.com.br/coronavirus-nao-da-tregua-no-chile-e-mortes-aumentam-29-em-24-horas/
https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2020-05/hospitais-do-chile-estao-quase-no-limite-com-pandemia-de-covid-19
4.3 Argentina
A quarentena vigora no país desde 20 de março, embora tenham ocorrido relaxamentos em algumas regiões. No dia 24 de maio, foi anunciado que o país prorrogaria o lockdown até 7 de junho, na tentativa de reduzir a velocidade de contágio. Até o dia 13 de maio, o país tinha uma proporção confortável de leitos em hospitais: 60% estavam livres. Mesmo com todas as dificuldades socioeconômicas que vem enfrentando, a Argentina faz o necessário para controlar o vírus e parece não estar em grandes apuros.
População: 44,49 milhões
Casos: 12.615 (0,03% da população)
Mortes: 467 (1,05 para cada 100 mil habitantes)
https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2020/05/24/argentina-prorroga-lockdown-ate-7-de-junho-e-endurece-medidas-em-buenos-aires.ghtmlhttps://jovempan.com.br/noticias/mundo/argentina-sistema-de-saude-subutilizado.html
4.4 Equador
Na América do Sul, o país que passa por mais dificuldades de enfrentamento da pandemia é certamente o Equador. Estima-se que um terço da população de Guayaquil contraiu COVID-19. A crise econômica do país, aliada ao descontrole do vírus, gerou revoltas contra o governo de Lenin Moreno. Em abril, a crise era tão grande que o governo colocou militares nas ruas para prender quem violasse a quarentena. No dia 20 de maio, a quarentena começou a se abrandar no país, começando por Guayaquil. Com hospitais superlotados e com falta de testes, os moradores de algumas cidades do país deixam seus familiares em caixões na calçada, haja vista que a capacidade do sistema funerário não suporta o volume de mortos.
População: 17,08 milhões
Casos: 37.355 (0,21% da população)
Mortes: 3.203 (18,7 para cada 100 mil habitantes)
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/05/08/um-terco-dos-27-milhoes-de-moradores-de-guayaquil-no-equador-contraiu-a-covid-19.ghtmlhttps://www.brasil247.com/mundo/coronavirus-no-equador-povo-vai-as-ruas-contra-calamidade-imposta-por-lenin-moreno-video
https://extra.globo.com/noticias/mundo/coronavirus-governo-do-equador-ira-prender-infectados-que-violarem-quarentena-24359887.html
https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2020/05/18/foco-da-epidemia-de-covid-19-no-equador-inicia-desconfinamento-na-proxima-quarta.htm
5 Ásia
5.1 Japão
O país não adotou medidas de isolamento social, mas teve um bom resultado quando comparado a outras nações. Os hábitos de higiene e a conscientização são tidos como algumas das razões para o sucesso. Contudo, é válido mencionar que o país realizou, até 11 de maio, 218.204 testes, menor número dentre os países do G7. Shigeru Omi, especialista em coronavirus no governo, confessou que não sabe se o número de infectados é 10, 12 ou 20 vezes maior do que os registros. A estratégia do Japão foi rastrear grupos de risco e testar apenas aqueles que tivessem sintomas. Nem tudo permaneceu aberto, o país fechou as escolas como medida de controle da pandemia, assim como lojas e restaurantes.
População: 126,5 milhões
Casos: 16.628 (0,013% da população)
Mortes: 851 (0,67 para cada 100 mil habitantes)
https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2020/05/14/interna_internacional,1147217/japao-conseguiu-se-esquivar-da-pandemia-de-coronavirus.shtmlhttps://valor.globo.com/mundo/noticia/2020/05/25/japao-encerra-completamente-estado-de-emergencia-por-coronavirus.ghtml
5.2 Coreia do Sul
O país é exemplo mundial no combate ao coronavirus, com a realização de testes em massa, monitoramento de casos e com a rápida mobilização da população. Empresas foram incentivadas a desenvolver aplicativos de celular que alertassem o usuário de possível contato com alguém que tem sintomas do vírus. O tratamento diferenciado para cada região se mostrou eficaz; algumas regiões eram colocadas em isolamento total e outras apenas em monitoramento constante. A mobilização social provocou até o fechamento voluntário de cinemas, restaurantes e lojas. O motivo: as pessoas simplesmente não mais frequentavam esses lugares. O país já vinha adotando medidas de reabertura, após 12 dias de baixa na velocidade de contágio, mas um novo surto em Seul levou a um novo fechamento na região. Apesar de ter tido mais casos que o Japão, o número absoluto de mortos e a proporção por 100 mil habitantes é menor.
População: 51,64 milhões
Casos: 11.225 (0,02% da população)
Mortes: 269 (0,52 para cada 100 mil habitantes)
https://setorsaude.com.br/entenda-por-que-a-coreia-do-sul-e-exemplo-mundial-no-combate-ao-coronavirus/https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/rfi/2020/05/11/coreia-do-sul-bate-registra-maior-numero-de-casos-de-covid-19-em-um-mes.htm
5.3 China
Embora os chineses não aceitem a acusação, o vírus teve origem na China no quarto trimestre de 2019. O país escondeu informações até que não fosse mais possível escondê-las, é o que afirmam muitos jornalistas e estudiosos pelo mundo. O país teve pouquíssimos casos em relação à sua população absoluta, levantando sérias suspeitas quanto à veracidade dos dados divulgados. A China implementou a quarentena antes de todos os outros países, já que o vírus surgiu primeiramente lá,e permaneceu fechada durante 2 meses. Dada a sua elevada densidade demográfica, é improvável que o número de casos tenha sido tão pequeno.
População: 1,393 bilhão
Casos: 82.992 (0,006% da população)
Mortes: 4.634 (0,33 para cada 100 mil habitantes)
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/04/quarentena-chega-ao-fim-em-wuhan-mas-normalidade-esta-longe-de-voltar.shtml
Opinião
De acordo com as informações acima expostas, é possível concluir que os países que tiveram ação rápida no controle da velocidade de propagação do vírus conseguiram controlar melhor a pandemia. Ao visualizar o caso da Escandinávia, vemos como é gritante a diferença entre os países. Enquanto Noruega e Dinamarca, que implementaram o isolamento, têm menos de 10 mortos para cada 100 mil habitantes, a Suécia tem 40, proporção maior que a dos Estados Unidos (30), que concentra o maior número de casos no mundo. Isso também pode ser visualizado no caso da Ásia, que tem dois países antagônicos quanto ao isolamento social. A Coreia do Sul, embora tenha maior número de casos em relação ao Japão, possui menos mortes a cada 100 mil habitantes. Com exceção do Japão, que é um mistério, os países que optaram pelo isolamento vertical, ou pelo não isolamento, não tiveram outro resultado senão o aumento rápido da velocidade de contágio. Estados Unidos, Reino Unido e Itália passaram por períodos de contaminação alarmante e acabaram tendo que implementar a quarentena.
É importante frisar que mesmo que 70% da população de um país venha a contrair a COVID-19, os países com menos infraestrutura sofrerão com a falta de leitos de UTI e de leitos normais em hospitais públicos. O Brasil não tem estrutura para suportar um rápido contágio da população, que é o que vem ocorrendo nas últimas semanas. O achatamento da curva, nome dado à redução da velocidade de contágio do vírus, é um mecanismo utilizado para adequar o número de pacientes ao número de vagas nos hospitais. O desenvolvimento da vacina contra o vírus está dando bons resultados e pode sair antes do fim do ano, mas o Brasil não entrou no fundo de pesquisa para acelerar o seu desenvolvimento, de modo que seremos deixados para trás.
A visão apocalíptica de que 70% da população será infectada e que não há nada que se possa fazer é uma falácia. A quarentena, aliada ao desenvolvimento da vacina, poderia salvar milhares de vidas. Infelizmente, o presidente está mais interessado em proteger o país de uma “revolta comunista”, como mostra o vídeo recém divulgado da reunião ministerial, do que realmente confiar na ciência e tomar as medidas necessárias para o controle da pandemia. Prova disso são as demissões dos dois últimos Ministros da Saúde, que não suportaram a pressão de Bolsonaro pela implementação de medidas anticientíficas.
Vários posts aqui do blog discorrem sobre o comportamento do governo federal nesse momento difícil que o país atravessa. Leia mais:
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