Perspectiva negativa da Fitch Ratings reflete a crise política em meio a pandemia.
FITCH RATINGS REAFIRMA NOTA RUIM AO BRASIL
Por Victor Roveran Bazzanella
Imagem do O Globo, fachada da agência Fitch Ratings
No dia
05/05/2020, a empresa Fitch Ratings, uma das maiores agências de classificação
de risco de crédito do mundo, reafirmou a posição BB- ao Brasil, considerando
uma nota ruim para um país com um potencial de crescimento econômico grande,
porém que será muito afetado pela crise do novo Coronavírus.
A nota
demonstra, em grau especulativo, um maior risco de calote devido a uma
deterioração fiscal e econômica que o Brasil vem sofrendo nos últimos anos, e
que em um período de crise se acentua. Segundo a agência, a incerteza política
vinda de tensões entre o congresso e o poder executivo, junto a incerteza de
duração da pandemia, pioram bastante a situação brasileira, pois essas
incertezas geram forte desgaste e diminuem o efeito das políticas fiscais implementadas,
tornando difícil a recuperação fiscal e o alinhamento das políticas
anticíclicas (que tentam contornar ou pelo menos amenizar a crise econômica)
com as políticas fiscais.
Aqui está uma
tabela das classificações de ratings das três principais agências de risco do
mundo:
Tabela retirada do Infomoney
Para a Moody’s, a nota atual do
Brasil é Ba2, com perspectiva estável. Já a Standard & Poor’s cortou neste
mês a perspectiva da nota do Brasil de positiva para estável, reafirmando o
rating BB- para o país, junto da Fitch Ratings.
Especificamente
falando da tensão entre o congresso e o executivo, podemos dizer que o grande
problema em questão é a possível falta de colaboração dos deputados e senadores
para aprovarem as reformas que estão no projeto do atual governo, como a reforma
política e a reforma tributária, que influenciam diretamente na economia, e pioram
ainda mais a crise econômica, desacelerando o crescimento econômico, que já não
é mais o mesmo esperado antes da pandemia da Covid-19.
No início do
ano, em Janeiro, a projeção de crescimento econômico segundo o Ministério da
Economia era de 2,4% para 2020, porém devido à crise do novo Coronavírus, a
nova projeção passou para 2,1% em 11 de Março, sendo que em 16 de Março, o
Ministério atualizou as informações dizendo que em um cenário otimista, o
crescimento poderia cair em 0.10 pontos percentuais, e em um cenário extremo,
poderia ser de -0,66 pontos percentuais. O Ministério da Economia destaca que
os maiores influenciadores da queda do crescimento são a redução das exportações;
queda no preço de commodities e piora nos termos de troca; interrupção da
cadeia produtiva de alguns setores; queda nos preços de ativos e piora das
condições financeiras; e redução no fluxo de pessoas e mercadorias.
Como observado
na crise pandêmica da Itália, o alto endividamento público, aliado a um aumento
da dívida devido às circunstâncias da crise, pode ocasionar uma grande
diminuição da flexibilidade das políticas públicas (não só as fiscais, mas
também os programas de distribuição de renda e de infraestrutura) aumentando
muito a vulnerabilidade a choques econômicos, o que no caso brasileiro é quase
certo. Comparado a Itália, o Brasil não sofrerá tanto, pois apesar do alto
endividamento público (menor que o da Itália em percentual do PIB), as
políticas fiscais implementadas anteriormente a crise junto das reformas
aprovadas, sendo a principal delas a reforma da previdência, demonstraram uma
tendência de maior responsabilidade fiscal. O problema já destacado no texto é o desgaste
político por parte do executivo para com o congresso, um desgaste desnecessário
que causa impacto na expectativa em relação a estabilidade política.
Em momentos de
crise, um dos fatores necessários para uma certa segurança especulativa é a
estabilidade política. A saída
de Sérgio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública, após uma tentativa
de influência no alto cargo da Polícia Federal do Rio de Janeiro por parte de
Bolsonaro, os embates do presidente Jair com o presidente da câmara dos
deputados Rodrigo Maia, a falta de responsabilidade do Ministro da Educação
Abraham Weintraub ao praticar atos xenofóbicos contra os chineses nas
redes sociais, a troca do ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta em meio a pandemia,
a briga incessante do presidente da república com os 27 governadores dos 26
estados mais o distrito federal sobre as indicações da OMS em relação a pandemia,
e as manifestações com participação presencial do presidente, pedindo o
fechamento do congresso e do Supremo Tribunal Federal junto a volta da ditadura
militar, no Quartel de Brasília, demonstram uma total falta de preocupação por
parte do executivo e dos ministros em relação a estabilidade política, o que
preocupa, pois isso afeta o grau especulativo, que é responsável por trazer
investimentos estrangeiros para o país em um momento tão delicado.
Presidente Jair Bolsonaro e Ex-Ministro Sérgio Moro
Algumas
medidas estão sendo planejadas para a amortização da crise, como o "PlanoMarshal Brasileiro 3.0" que, como abordado no texto do colunista Lucas
Ribas, não é uma alternativa viável. O governo brasileiro deveria levar mais a
sério a crise da Covid-19, pois esta está tomando proporções catastróficas como
a crise econômica de 2008, e tudo que não precisamos neste momento é de uma crise
política por irresponsabilidade e por problemas pessoais do presidente
Bolsonaro.
Parabéns pelo Blog...
ResponderExcluirs2
ResponderExcluirParabéns! Muito bom!
ResponderExcluirParabéns, boa reflexão.
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