Pandemia e Suas Consequências: Aumento da Desigualdade de Gênero
Estimativa de leitura: 6 minutos.
Por Gabriel Gonçalves Nobre
A
desigualdade é algo que assola todas as civilizações do mundo, independentemente do ponto de vista econômico, da raça ou de gênero, ela sempre esteve
presente. Podemos citar um exemplo muito antigo, como da Grécia Antiga, na qual só os homens com mais de 18 anos, nascidos em Atenas e não escravos podiam
votar, logo, excluindo mulheres, estrangeiros e os escravos. Como também
conseguimos citar, alguns bem recentes como no Brasil antes da década de 1930,
onde as mulheres ainda não tinham direito de voto e a desigualdade econômica e
racial era gigantesca.
Felizmente,
nesses últimos anos a sociedade tem evoluído e está sempre buscando a
diminuição dessas desigualdades, hoje é claramente perceptível uma maior
inclusão feminina na sociedade, uma preocupação maior com as pessoas em
situação de vulnerabilidade, um maior respeito às minorias na civilização,
dentre outros detalhes que mostram que a luta social tem ganhado força e tem
tido resultados. Todavia, há contratempos que atrasam um desempenho melhor e
mais rápido à sociedade, as crises econômicas.
Em
momentos de crise, infelizmente, quem normalmente sofre mais são os grupos
vulneráveis [1], dessa forma, por sofrerem mais, aumenta a discrepância entre
quem está no topo da sociedade e quem está no fundo da mesma. E diante dessa
crise sanitária e econômica, não é diferente. Apesar de ainda ser muito novo
tudo que está acontecendo (uma crise na saúde que está se tornando uma crise na economia) e não ter estudos conclusivos sobre o assunto no Brasil e nem no
mundo, temos especulações de autoridades nas áreas e alguns dados empíricos que
mostram que com a crise a desigualdade vem se aumentando no território nacional.
Antes
de entrar na pauta brasileira, gostaria de explicar o porquê uma crise econômica
atrapalhar o desenvolvimento econômico e a diminuição das desigualdades. Basicamente, de forma empírica, o que ocorre é que com a desaceleração da economia, os primeiros
a serem afetados são os trabalhadores comuns e de fácil reposição, é a mão de
obra simples que em momentos de crise pode ser cortada pela empresa sem
diminuir totalmente seu funcionamento. Geralmente, essas funções já são
representadas por cidadãos economicamente vulneráveis, e com a crise que “vem e
os despedem” se tornam ainda mais humildes, enquanto que os cargos mais altos
sofrem menos com cortes, pois têm uma função mais importante para empresa, logo,
perdem menos renda. Concluindo, os vulneráveis sem emprego, e a “classe
média” com emprego (mesmo com todos poréns de uma crise), só pode resultar em
um aumento de desigualdades.
Diante
do que foi dito acima, prossigo para o caso nacional. Lembrando que a desigualdade
há várias formas, como de gênero, renda ou raça. E hoje será específico para a desigualdade
de gênero.
Aumento na Desigualdade de Gênero
A
pandemia forçou, de antemão, uma modificação de como estávamos vivendo no mundo
inteiro. Até em países que escolheram não parar sua economia, ou mudar seus
hábitos no curto prazo tentando combater o vírus com aplicação intensa de
testes [2], foram forçados à uma suspensão posteriormente pelo aumento de casos
de covid-19. Até mesmo países que conseguiram controlar e tentaram reabrir a
economia tiveram que voltar atrás [3]. Essa interferência da pandemia na
economia com certeza teve consequências. Grandes setores da economia se
encontram debilitados para continuar.
De
acordo com as pesquisadoras/professoras da UFSJ, Aline Cruz e Daniela Torres,
essa pandemia afeta diretamente setores onde há um número maior de mulheres
atuantes do que os demais grupos sociais. Em destaque o setor de serviços, em
que se encaixam os ramos dos restaurantes, salões de beleza, moda, transporte
aéreo, turismo, vestuário, empregos domésticos e outros. No caso dos empregos
domésticos, 90% estão preenchidos por mulheres e que nesse momento de coronavírus
estão impossibilitadas de trabalhar, aponta a professora Joana Costa (doutora
em economia na PUC – Rio) no Webinar da FGV [4].
Além
desses detalhes já citados, as mulheres são o maior grupo nos empregos
informais, constata estudo da USP em 2019 [5]. Os trabalhos informais são diretamente
afetados pela falta de regulação, logo, em períodos como esse, são facilmente
despedidos sem nenhuma seguridade social.
Portanto,
o que se espera é um aumento na desigualdade de gênero pela forma de como essa
crise vem afetando demais setores da economia. Se as mulheres sofrerem mais, é
nítido que a desigualdade aumentará. Vale lembrar que essa é também a
expectativa das professoras e doutoras citadas no texto, mas como estamos tratando de perspectivas e não fatos, é necessário estudos científicos cabíveis para concluirmos se essa intuição estará certa ou não. Minha aposta é que sim pelo que já foi abordado no texto.
Considerações Finais
Para
minimizar essa desigualdade, é necessário políticas públicas e conscientização
da sociedade. Isso porque, apesar dos avanços que conseguimos nos últimos anos
da sociedade o patriarcado ainda se demonstra presente. As mulheres ainda
representam como principais em casa, muita das vezes cumprindo dupla jornada, elas
ocupam a maior parte dos serviços domésticos e carregam pré-conceitos de
como devem se comportar. Em casos mais agressivos sofrem com agressões –
Inclusive o que têm aumentado nesse período de quarentena [6].
Para
solução do problema, são necessárias mudanças drásticas na sociedade, as quais as
mulheres lutam pra conseguir. Minimizar essa desigualdade entre os gêneros nas
funções e imagens é primordial para
conquistar oportunidades iguais entre homens e mulheres. E só assim será
possível diminuir essa desigualdade e ter uma economia menos desigual e mais
forte.
Comentários
Postar um comentário