Salário Mínimo

Qual a importância do salário mínimo?        

    Gabriel Nobre, 30/04/2020

Salário mínimo passará de R$ 1.039 para R$ 1.045 em fevereiro – Comax
Salário Mínimo 2020

Bom, quando estamos à procura de um emprego a primeira coisa que pode nos chamar a atenção para um específico é o salário que ele nos proporciona. Porém, se estamos dizendo a respeito de um trabalhador comum que não teve/tem acesso a uma formação profissionalizante ou superior, normalmente, o máximo salarial que ele conseguirá no início de sua vida profissional, será um salário mínimo, e em alguns casos o salário mínimo mais alguns poucos benefícios.

Entretanto por que existe o salário mínimo? Qual a importância de se ter um mínimo salarial? Qual a análise econômica por trás disso? O que se pode fazer por trás de uma política de salário mínimo? A partir dessas perguntas, declaro que é o objetivo principal desse texto blogueiro responde-las de forma clara e simples pra você leitor, e como bônus entende-lo e defende-lo como uma grande conquista da classe trabalhadora.


1.     POR QUE E COMO SURGIU O SALÁRIO MÍNIMO

O salário mínimo tem seus primeiros registros no fim do séc XIX na Oceania, isso mesmo, se você imaginou que surgiu na Europa pelos avanços industriais, achou errado otário (é meme). O salário mínimo surge na Oceania motivada a mobilizações sociais em busca da proteção do trabalhador, e logo em seguida, alguns anos após o seu primeiro aparecimento, em meados do séc XX essa política já estava implementada em quase todos países do mundo.

No Brasil ocorreu durante o governo Vargas em 1937 junto com a criação da CLT, e atualmente é assegurado pela constituição de 1988, um salário mínimo que permita atender às necessidades vitais básicas do trabalhador e às de sua família, como moradia, alimentação, educação, transporte e previdência social, reajustado periodicamente, de modo a preservar o poder aquisitivo, vedada sua vinculação para qualquer fim. (Artigo 7, inciso IV).


2.     QUAL A IMPORTÂNCIA DE SE TER UM SALÁRIO MÍNIMO

O mínimo como já dito acima é uma conquista da classe trabalhadora. E com foco aos empregados, a sua importância é garantir que não haja exploração da mão de obra por parte dos empregadores, busca assegurar que o trabalhador não viva e trabalhe para sua subsistência, e também proteger aqueles trabalhadores que tem pouco acesso a informação e aceite qualquer salário, caindo novamente no caso de exploração. De forma mais clara, garantir que o trabalhador tenha uma vida digna (“um trabalhador que trabalhe pra viver não deve sustentar sua família na pobreza” ~ marcante no movimento para instauração do salário mínimo nos EUA).

Além disso, há os efeitos sociais que tornam o salário mínimo ainda mais valioso. Por exemplo, por haver um salário mínimo conseguimos diminuir a disparidade de renda por regiões, isso devido ao fato de que sem um salário mínimo, a definição salarial entre regiões se torna abstrata, podendo ser diferentes em regiões diversas. Consegue-se também diminuir a distância entre quem recebe o salário mais baixo e mais alto dentro da mesma sociedade, uma vez que com o salário mínimo a exploração não é possível e os salários dos mais humildes aumentam consideravelmente. Fora que o mínimo dá o poder de fazer políticas em prol do salário mínimo que podem ser classificadas como redistribuição de renda, e dando possibilidade a um desenvolvimento econômico e a mobilidade social.


3.     QUAL É A ANÁLISE ECONÔMICA POR TRÁS DO SALÁRIO MÍNIMO

Apesar de uma análise econômica de uma política social como essa depender, inevitavelmente, de qual escola está se analisando, eu decidi dar foco nas duas escolas em que se contrapõe mas que foram minha motivação para trazer este conteúdo, fora elas, tratarei as outras brevemente. Antes de iniciar a revisão econômica, é válido deixar claro que as escolas não tratam diretamente do salário mínimo, e sim do salário.

Os clássicos (Adam Smith e companhia) acreditavam predominantemente no salário que deveria ser somente o suficiente para a reprodução da classe trabalhadora, apesar de Smith afirmar que o salário deveria ser um pouco maior que a subsistência para permitir o desenvolvimento do empregado. Em seguida, vem os Marxistas que credores da luta de classes, confiam que os salários são definidos através de uma luta sindical entre capitalistas e mão de obra, e através dessa mobilização social, se definir um salário justo. Marx tem grande incentivo ao mundo de hoje, em pensar na luta sindical e na abertura para um salário mínimo.

E então, surge as escolas que me motivaram. Em primeiro, a neoclássica que é contra o salário mínimo. Ela afirma que o trabalhador deve receber de acordo com sua produtividade e que a instalação de um salário mínimo definido fora do ponto ótimo (um valor definido pelas leis do mercado) gera uma ineficiência para a economia e exclui do mercado de trabalho aqueles empregados que aceitariam funções básicas por um salário abaixo do mínimo estabelecido. Logo, essa defende que os trabalhos menos importantes no setor produtivo recebam menos de um mínimo, em troca de uma experiência que será adquirida durante o trabalho para que no futuro, utilizem essa experiência para um outro emprego e uma renumeração melhor. Um exemplo usado por seus defensores, é a história de um frentista que pode trabalhar recebendo menos que o mínimo e adquirir conhecimento o suficiente para um dia se tornar um profissional mecânico (?). O problema dessa teoria é simplesmente ignorar a qualificação que uma renda melhor pode trazer, sem a necessidade de um trabalho e experiência exaustiva para se chegar a um determinado patamar.

Em contraponto, e a favor da política surge a escola Keynesiana discordando da escola neoclássica, abordando que equilíbrios automáticos deixam de existir – não existe mais um ponto ótimo, dado que nesse momento adiciona-se uma variável imprevisível no cálculo: a expectativa dos agentes capitalistas. A partir daí, dado que com um salário mínimo a demanda será garantida, favorece a decisão dos agentes de gastar e investir para o crescimento da economia, e qualquer ineficiência será recompensada. Vale ressaltar que esse escola é focada na demanda, por isso, segundo ela, quando a demanda está garantida a economia tende somente a crescer, pois, se há demanda há oferta, e se há produção contínua e crescente com um consumo assegurado, há crescimento econômico.

O importante dessa análise econômica, é estudar as escolas, olhar os diferentes pontos de vistas e não cair em suas contradições.


4.     O QUE PODE SE FAZER POR TRÁS DE UMA POLÍTICA DE SALÁRIO MÍNIMO

    Uma política baseada do salário mínimo pode ser fortemente utilizada para diminuição da desigualdade social. Um exemplo seria, a valorização real do mínimo, isso daria mais poder de compra aos humildes, possibilitando que estes consumam mais, ou tenham mais possibilidade de desenvolvimento. Pode também retirar famílias da extrema pobreza, como destaca Chapman (2004), quando mostra que nos Estados Unidos, dentre as famílias que recebem o mínimo e estão acima da linha da pobreza, 1,4 milhão de famílias, as mesmas estariam abaixo dela caso não recebessem o salário mínimo.



   
   Após o entendimento dos pontos propostos, devo concluir que: o salário mínimo é necessário, é benéfico a economia, e principalmente, a sociedade. Com ele pode-se evitar a extrema pobreza e a exploração do trabalhador, mesmo do mais humilde. Seu uso permite uma melhor vida a classe trabalhadora, e admite a ideia que o trabalhador não tem que simplesmente subsistir, ele pode, a partir dele, dar uma vida melhor e próspera a sua família. Obs: vejamos que apesar de ela ter benefícios, não é a única variável econômica, logo, é importante analisarmos a política de salário mínimo junto as todas outras variáveis econômicas, e diante disso, pensar-se no uso ótimo dessa política, e trabalha-la com calma e competência.

    Por fim, os dados utilizados desse texto estão na referência, recomendo a leitura da tese de conclusão de curso do Gilberto Malva Filho para uma informação mais apurada. Gostaria de lembrar também para ficarem ligados(a) nas próximas publicações do blog, que ocorrem toda semana, de segunda a quinta.

           


                                                                     
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