Instituições Fracas e Suas Consequências

Por Gabriel Gonçalves Nobre
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Manifestação #BlackLivesMatter nos EUA

Como em 2020, séc XXI, ainda temos que discutir sobre democracia, ou movimentos antifascismo [1]? A evolução tecnológica nos dá a impressão de que estejamos de fato evoluindo como sociedade. No entanto, o que aparenta ser uma grande evolução, vemos que ainda temos muito no que trabalhar. A vivência histórica entre os povos tem efeitos diferentes quando a pauta são questões tecnológicas e sociais. No âmbito tecnológico os dados históricos sempre são mantidos como base para um progresso, porém quando tratamos de questões sociais o efeito não é tão bom quanto o tecnológico, o maior exemplo disso é o cenário atual, homens indo ao espaço (ciência avançada) [2] enquanto temos que diminuir movimentos fascistas na sociedade. De alguma forma, o avanço tecnológico ofusca(va) o caos social, pelo menos quando damos uma visão macro da vida desenvolvida. Ps: assista o 5º ep da 4ª temporada de Rick and Morty, dá um corte exatamente sobre isso.

Nessas duas últimas semanas começamos observar as movimentações ativistas nos Estados Unidos e no Brasil. No primeiro caso, as movimentações são acompanhadas pela frase “Black Lives Matter”, essas foram motivadas pela morte de um cidadão negro pela polícia local por negligência, o falecido era suspeito de fraudes bancárias, porém o jeito em que foi brutalmente abordado levou à sua morte e à revolta da população. No segundo caso, o cenário é mais caótico, em meio à crise sanitária estão ocorrendo conflitos políticos, econômicos e, por incrível que pareça, democráticos, por isso a população se posiciona contra o autoritarismo e, com o embalo do ativismo norte-americano, contra o racismo. O ato contra o racismo cabe também ao Brasil que tem vários assassinatos de negros pelo próprio Estado.

Mas o que quero quando cito os dois casos? Qual a relação disso com o texto? É simples, hoje trago a visão de dois economistas que vêm sendo aclamados por diferentes linhas do pensamento econômico, Daron Acemoglu e James Robinson. Esses doutores que postaram o livro “Por Que as Nações Fracassam” trazem uma discussão que é resposta para a crise dos dois países-casos citados. Resumindo e simplificando o livro de 500 páginas de Acemoglu e Robinson, as nações fracassam por ter instituições fracas, ou seja, apesar de haver outros aspectos como geografia e recursos naturais para o progresso de um país, o que mais importa é ter instituições fortes e capazes de manter o gerenciamento da nação. Fato curioso e empírico é: nesse momento podemos ver a teoria saindo do papel.

Antes de entrar em discussão dos dois exemplos. Irei definir o que os autores interpretam como instituições fracas ou fortes. As primeiras, são organizações governamentais que são manipuláveis para uma pequena elite da sociedade em questão, por isso, elas regem a sociedade para sua ruína, seu foco é manter os interesses dos oligárquicos e não da comunidade. Já as segundas, se tratam daquelas instituições que iram manter o progresso da sociedade, essas asseguram os direitos básicos da vida, a propriedade e a segurança da população. 

No intuito de ser mais claro sobre as instituições, imagine um governo que sempre é governado no intuito de dar mais vantagens a quem já está no topo. O que podemos concluir dele? Esse governo sempre será desigual, cheio de falhas sociais e sempre haverá guerras entre as classes para que diminua essa exploração. Por outro lado, temos um governo que é governado para todos, sem pré-disposição de ser governado para qualquer tipo de classe, esse proporciona que todos possam fazer as mesmas coisas (abrir empresas, ir em bares ou  em qualquer lugar sem barreiras seletivas). O que interpreta-se desse governo? A estabilidade social será maior, a população terá uma aceitação maior e se sentirão mais seguros. Daí, pode se concluir que governos com instituições fortes são essenciais para o desenvolvimento da nação, pois garantem que não haverá riscos àqueles que buscarem investir, crescer e prosperar economicamente.  

Voltando. As duas situações acima estão ocorrendo por um motivo em comum; instituições fracas. Tanto nos EUA quanto no Brasil a opressão policial contra a população negra é realidade. Está polícia supremacista branca ameaça a sobrevivência dos negros em ambas as nações. Aí está exposto o problema que nos leva ao caos de hoje. Uma instituição fraca que não consegue garantir a segurança de todos, e pior, é elitista e claramente racista. Logo, como teremos uma nação forte economicamente, próspera ou rica, se não é possível assegurar que uma parte muito grande da população está segura para transitar e investir em quaisquer lugares simplesmente por causa da sua cor? Claramente não teremos, e como consequência haverá revoltas para ver mudanças nesses problemas estruturais, como está sendo agora.

Acrescento que no Brasil, há mais características de instituições fragilizadas, como os três poderes que sempre estão envolvidos com casos mirabolantes de corrupção. E que argumentos como "Eu não sou racista" pelos policiais não são válidos, porque isso é maior que as pessoas que a compõe, é sobre as instituições e organizações. 

Concluindo esse texto, o que está sendo feito agora é preciso, necessário e todas as palavras que consigam remeter à importância desse movimento. Só assim serão feitas as mudanças incisivas para que a sociedade possa prosperar, e segundo os autores não falhar miseravelmente perante a história. Por fim, pretendo trazer mais sobre esse livro para o blog, sua teoria é importante e merece um espaço de discussão. Justamente por isso, acrescento como leitura importante o livro do Acemoglu e Robinson.

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