Economia Política da América Latina
Economia Política e História Econômica da América Latina
Por Victor Roveran Bazzanella
Ilustração de Marco Jacobsen
Aos leitores
do blog Beges, hoje inicio uma sequência de textos um pouco diferente dos
anteriores e de meus colegas escritores. Ao criarmos o Blog, uma das motivações foi
levar a informação de base acadêmica para a população em geral, com o tema
principal sendo a economia, objeto de estudo da ciência econômica, a qual
estudamos.
Os textos que publicarei serão sobre a
história e política econômica da América Latina, com o intuito de ampliar o
conhecimento do leitor em relação aos fatos históricos presentes na região em
que vivemos, e que geralmente não recebem a importância que deveriam para
entendermos o contexto atual da política e da economia brasileira e dos países latino americanos em geral. Os textos serão
por períodos sequenciais, e hoje começo com uma explicação geral do que é a América
Latina, e o início da colonização.
O que é a América Latina:
Geograficamente, a América Latina engloba
20 países, sendo estes Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica,
Cuba, Equador, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, México, Nicarágua,
Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela.
Mapa da América Latina
Pensada a
partir do século XV, a América Latina é o resultado da integração de um vasto
território pela população europeia, com grandes massacres de indígenas e desconstrução
da cultura e da identidade dos colonizados. Para pensarmos a América Latina,
devemos entender o pensamento do colonizador e do colonizado, suas estratégias de
dominação e de resistência, e os problemas gerados com isso.
Colonizador e colonizado:
Por parte do colonizador,
a história se repete na maioria dos países latino americanos, com uma ideia
repetida e proclamada de um nobre objetivo de levar a conversão religiosa e de
instaurar a civilização. De acordo com Albert Memmi, os instrumentos
fundamentais para que a dominação ocorra são o racismo e o terror. Pelo racismo, estabelece-se a condição sub-humana do colonizado, e pelo terror, esmagam-se as
reações, assim consolidando o medo e a submissão.
Memmi também coloca
três elementos que tipificam o colonizador, sendo estes o lucro, privilégio e
usurpação, e ressalta que sem o colonizado, o projeto da colonização perde o
sentido, pois o dominado é integrante de um projeto e de processos que ele não
controla. Um dos grandes problemas criados pela dominação é a perda da identidade,
pois o indivíduo não faz mais parte da comunidade a qual pertencia, não tem
direitos como cidadão, torna-se alvo fácil da manipulação (através do medo) e
não se encaixa na identidade criada.
As colônias instauradas,
tanto por parte de Portugal, quanto por parte da Espanha tinham o objetivo de
extrair recursos naturais, como metais, madeira e o cultivo para exportação, e
sendo assim, o projeto era de gerar riquezas para os países colonizadores, com
o mínimo de investimento nas colônias em um momento inicial. Destaca-se também
a diferença entre colônia de exploração e colônia de povoamento.
No caso latino
americano, a colônia de exploração foi instalada massivamente, diferente de países
como Estados Unidos e o Oriente Médio, que foram colônias de povoamento.
Uma das diferenças dentro da América
Latina, foi o caso Asteca e Inca, que combateu um pouco a ideia repetida pelos
colonizadores de “substituir” a cultura anterior por não ser “civilizada”, sendo
que as cidades do Império Asteca e do Império Inca eram extremamente complexas,
com grandes obras, extrema organização e sistemas de irrigação e saneamento
nunca vistos na Europa até então. Por isso a importância da estratégia colonizadora
de ter dois “motivos” para a dominação: o processo civilizatório e o processo
religioso.
Então, já que a organização das
cidades Astecas e Incas era robusta, sobrava o processo religioso como motivo
para a destruição do império, já que não acreditavam no Deus verdadeiro e na religião
suprema considerada pelos espanhóis (na época, a religião Católica).
Mapa da cidade de Cusco (por Giovanni Battista Ramusio - ou
Giacomo Gastaldi. Delle
navigationi
et viaggi,
Vol. 3) [1565]
Tenochtitlan no Lago de Texcoco,
a capital dos astecas e uma das maiores cidades do mundo na época
Podemos observar que estes nobres
motivos para a colonização não eram tão nobres assim, e sim justificativas para
uma dominação muito violenta em prol dos já citados lucro, privilégio e
usurpação. Nos próximos textos, falarei mais das formas de resistência por
parte dos colonizados, sobre as estratégias de guerra que ocorreram em diversos
países da américa latina no período colonial, nos principais produtos que
motivavam a colonização e que geravam um sistema econômico nos locais
determinados, e nas cicatrizes criadas para a história com os massacres sangrentos
que aconteceram no século XV e que se estenderam ao longo do tempo.
Fontes:
MEMMI, Albert. The Colonizer and the
Colonized. London: Earthscan Publications, 2003.
Material de estudo disponibilizado pelo professor Múcio Tosta Gonçalves na matéria optativa Política Econômica da América Latina (UFSJ).
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