Economia Política da América Latina 2
Economia Política e História Econômica da América Latina 2
Tempo de leitura: 4 minutos
Por Victor Roveran Bazzanella
Em meu segundo
texto sobre história e política econômica da América Latina falarei um pouco
sobre os massacres que ocorreram durante a colonização, os motivos econômicos
das invasões europeias e os traumas das conquistas.
Caravela portuguesa chegando ao Brasil, 1500
No caso da
conquista sobre os astecas, o nome por parte dos colonizadores é o de Hernán
Cortés. Cortés em 1519 desembarcou na península de Iucatã no México e deu início
as expedições na região andina. Em 1520, o primeiro massacre veio a ocorrer com
o alvo sendo a nobreza asteca, resultando em 2000 mortes dos nativos e assim
demonstrando o poder de guerra espanhol, valendo-se das armas de fogo e dos
cavalos que davam uma vantagem imensa na distância do combate e na mobilidade
amedrontadora.
Algo
considerado cruel até os dias de hoje, Hernán Cortés fechou as entradas e saídas
da capital e não mandou retirar os corpos dos mortos, espalhando doenças letais
aos sobreviventes nativos na cidade e contaminando a água, o que lhe concedeu a
vitória total da guerra em 1521.
Na conquista
sobre os incas o grande nome colonizador foi de Francisco Pizarro. No início,
os espanhóis não tiveram sucesso nas investidas militares, porém em 1531 o
Império Inca teve disputas internas de poder, enfraquecendo demais as
organizações imperiais e possibilitando que após essas disputas, Pizarro
encontrasse a cidade de Cuzco vazia, e prendesse o imperador Atahualpa. O interesse
dos espanhóis era no ouro e na prata da região, então prometeram um acordo com
o povo Inca.
O acordo era:
se entregassem determinada quantidade de ouro e prata para os colonizadores,
eles libertariam Atahualpa, porém mesmo com a promessa por parte dos
colonizados sendo cumprida, Pizarro ordenou o assassinato do imperador e promoveu
assassinatos contra os nativos que não aceitaram a dominação.
Queda do Império Asteca, Tenochtitlán
Para os
sobreviventes na América espanhola, o trabalho forçado e a escravidão era o que
restava. A mina de Potosí é um dos casos que melhor reflete o trabalho forçado
imposto aos nativos. Foi descoberta por um indígena em 1545, e possuía cerca de
5000 bocas de mina com uma produção anual de 250 a 300 mil marcos de prata por
ano. Situada na Bolívia, foi uma das maiores fontes de riqueza da história e
era registrada por artistas da época como um formigueiro humano. Relatos históricos
demonstram que trabalhadores da mina acabavam morrendo por falta de alimento ou
por febre devido às altas temperaturas do local e acabavam sendo pisoteadas ali
mesmo.
Mina de Potosí
No caso da
América portuguesa os massacres também ocorreram, porém devido a uma
organização da sociedade mais limitada os nativos foram executados com mais
facilidade pelos portugueses e as formas de resistência também eram mais
limitadas, com armas rudimentares e organizações de guerrilha fracas. Um fator
muito bem utilizado pelos nativos foi o conhecimento territorial, que dificultava
muitas vezes os ataques portugueses às aldeias e que facilitava a fuga de
prisioneiros. O ouro foi alvo de exploração, porém a extração de madeira (Pau
Brasil) e exploração da floresta foram muito impactantes como produtos
mercantis.
Fonte:
Bulmer-Thomas (2003, p. 25)
Mas em um
prazo de algumas décadas a dominação tornou-se inevitável, pois a força de
guerra dos europeus se sobrepunha aos nativos em toda a América latina. O
trauma da conquista baseado na visão do historiador Héctor Bruit possui duas visões.
A visão da conquista visível e a visão da conquista invisível. A visível configurou-se
na conquista militar, na derrubada dos mundos indígenas, na evangelização, na extirpação
das idolatrias e na exploração.
Já a visão invisível
estaria ligada a destruição dos referenciais simbólicos que desnortearam as trajetórias
de vida e distanciaram os indígenas de sua história, provocando um colapso nos
seus sistemas de crenças e nas formas de interpretar o mundo. Isso resultou em
uma série de suicídios indígenas e em uma perda de identidade que assombra a
América até hoje, pois a identidade de uma nação, sendo ela pensada como um
todo (América Latina) ou individualmente (países que a integram) é quase irrecuperável
quando massacrada, ou quando modificada a força.
Nós próximos textos falarei um pouco sobre a formação de alguns países latino-americanos a partir
das independências.
Fontes: MEMMI, Albert. The Colonizer and the Colonized. London: Earthscan Publications, 2003.
Material de estudo disponibilizado pelo professor Múcio Tosta Gonçalves na matéria optativa Política Econômica da América Latina (UFSJ).
Livro História Geral e do Brasil, editora Harbra, José Alves de Freitas Neto e Célio Ricardo Tasinafo
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